• 15 Novembro, 2017 às 10:01

    OS PERIGOS DO FACEBOOK

    Há inúmeros pais que permitem que os seus filhos ainda crianças, pré-adolescentes (ou até mesmo na adolescência) tenham uma página no Facebook.

    Muitos são da opinião que o permitem porque, aparentemente, não há perigo iminente, desde que o filho, ou filhos, tenha sido ensinado a não aceitar pessoas estranhas. Isso é apenas uma ilusão na qual se gosta de acreditar. Seja que pelo lado de não haver perigo, seja no acreditar que o descendente não aceitará estranhos.

    Convém nunca esquecer que há muitos outros perigos à espreita numa rede social. Se já para nós adultos todos os cuidados são poucos, para os nossos filhos deviam ser muitos mais. Para ser mais precisa: as crianças e os-pré adolescentes não tem necessidade nenhuma de ter uma página numa rede social. Seja para jogar, seja para partilhar vídeos, fotos e comentários com os amiguinhos, colocam-se diariamente em situações potencialmente perigosas online, especialmente no Facebook, onde correm riscos sérios de entrar em contacto com predadores de crianças e com engenheiros de comportamento social. Mais: numa rede social como é o Facebook, as crianças e os pré-adolescentes (bem como os próprios adolescentes, reforço) passam a ser alvos fáceis do ciber-bullying (ou bullying online), contexto onde tão depressa podem ser vítimas como cúmplices de quem o pratica.

    Os caminhos matreiros do ciber-bullying.
    Um dos grandes perigos do ciber-bullying é que, mesmo online, ainda se desenrola mais longe de qualquer vigilância do que aquele que se pratica nos corredores e nos pátios das escolas.

    Vamos imaginar uma situação: você tem um filho – vamos chamar-lhe Tomás, por exemplo – e os amiguinhos da escola onde ele anda criam uma página de fãs no Facebook com o título “o Tomás é burro”. Nessa página, muitos outros coleguinhas colocam um “gosto”. Já pensou no que isso pode fazer à autoestima do seu Tomás, ou como é que ele vai enfrentar a pressão dos colegas de escola todos os dias?

    Vamos imaginar a mesma situação, do outro lado da história: gostaria de saber que o seu filho apoia ou é fã de uma página do Facebook a denegrir um outro colega? Certamente que não. E isto é são apenas dois pequenos exemplos de como uma rede social pode interferir na vida de uma criança.

    Os engenheiros de comportamento social.
    Os engenheiros de comportamento social são normalmente indivíduos muito inteligentes, cultos, sedutores e que têm um único objetivo: seduzir a vítima. Regra geral, os alvos mais fáceis destes psicopatas são precisamente crianças, pré-adolescentes e adolescentes.

    Estes indivíduos dedicam-se diariamente a pensar em novas e melhores formas de atingir os seus objetivos, começando por estudar o perfil da vítima. Até passarem à ação – e vamos voltar ao exemplo ficcional -, se a vítima for o seu filho Tomás, o engenheiro de comportamento social procura saber a escola que frequenta, as atividades extra curriculares, os melhores e os piores amigos, os gostos pessoais, quem é que normalmente o vai buscar à escola e, sobretudo, os hábitos dos pais do Tomás. E quem lhe dá todas estas informações? O próprio Tomás, ao longo de semanas, às vezes meses, sem nunca se aperceber.

    E agora você pensa: “mas o meu filho Tomás não aceita indivíduos estranhos na sua página do Facebook!”. Apesar de ser um raciocínio lógico, está longe de ser o mais sensato. É que você deve ponderar que esse engenheiro do comportamento social pode ser precisamente o pai ou o tio ou ainda o irmão mais velho do melhor amigo do Tomás, e que até pode fazer-se passar pelo próprio melhor amigo. As artimanhas são muitas, tal como é grande a criatividade ao serviço do mal. Repare que basta o predador conseguir uma foto de um coleguinha do Tomás (o que consegue facilmente na web, por exemplo no próprio Facebook) e inscrever-se na rede social colocando-a no perfil com o nome certo para que o seu filho passe a pensar que se trata realmente de alguém que conhece. Chama-se usurpação de identidade e é um procedimento muito mais comum do que se julga nas redes sociais.

    Estes são apenas meros exemplos de como podem funcionar as muitas atuações maliciosas na Web. Se tem dificuldade em aceitar que existem um sem número de probabilidades de os seus filhos estarem expostos a perigos iminentes em redes sociais, consulte a página da Polícia Judiciária ou o site Miúdos Seguros na Net, deixo-lhe ambos os endereços no final do artigo, nos links relacionados.

    Para já, o melhor mesmo é começar a pensar em afastar os seus filhos do Facebook e de todas a redes sociais. Ou, no mínimo, arranjar forma de os controlar. Ao menos diga-lhes que sabe que o Facebook não permite inscrições de miúdos com menos de 13 anos, embora lá existam muitos, ele pelo menos fica a saber que você já não está tão longe do assunto como se poderia pensar.

    Ana Areal, aqui
    Publicada por falemos sinceramente à(s) 09:03