• 20 Setembro, 2016 às 15:09

    É um coletivo e agência de mulheres com base em Nova Iorque, fundada em 2014. “Este levantamento de colectivos e DJs activistas está acontecer porque ficámos fartas. Ninguém vai fazer nada por nós, portanto temos de nos organizar e bater o pé”, declara Frankie Hutchinson FOTO: TYLER JONES

    Às vezes os números importam. E neste caso incomodam. Em 2013, a female:pressure, uma rede internacional de mulheres ligadas à música eletrónica e às artes digitais, publicou um estudo – uma análise geral, não uma pesquisa científica – sobre a presença de artistas mulheres em festivais, clubes e editoras de eletrónica, que incidia sobretudo na Europa e nos EUA. As percentagens mal chegavam aos 10%. Não é uma radiografia perfeita, mas revela uma tendência. Uma tendência que melhorou apenas ligeiramente na última análise, publicada em 2015, para um pouco acima dos 10%. E que se reflecte noutras estatísticas – como nos topes da revista Forbes dos DJs mais bem pagos do mundo, sem uma única mulher.

    É contra esta sub-representação das mulheres na música eletrónica, sintomática de uma sociedade bem longe da igualdade de género, que se têm insurgido, principalmente no último ano e meio e sobretudo nos circuitos mais ligados ao house e ao techno, uma série de DJs, produtoras e novos coletivos de mulheres com uma postura declarada e ativamente feminista.

    As frentes de batalha são comuns, e aplicáveis tanto ao tecido mais underground como ao mainstream. Alertam para as programações e para os alinhamentos compostos maioritariamente ou apenas por homens (aqui e noutros tipos de música; ver o tumblr Very Male Line-Ups). Na senda do feminismo intersecional, lançam plataformas – festas, agências, editoras, workshops, fanzines – que abram portas a pessoas não-binárias e a mulheres, sejam elas cisgénero (quando a identidade de género coincide com o sexo e o género atribuídos à nascença) ou trans, independentemente de raças e orientação sexual. Trazem para cima da mesa assuntos como o assédio sexual e o racismo nas discotecas, as barreiras e os estereótipos que uma DJ tem de enfrentar dia sim dia sim e a disparidade dos salários entre os géneros. Tentam inverter a secundarização das mulheres na história da música electrónica e lutar por mais lugares em posições de poder.

    Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/activismo-na-pista-de-danca-1743518