O jogo provoca tolerância e um alto grau de dependência, tanto física como psicológica.
O Jogo
O jogo continuado e repetitivo pode constituir uma patologia aditiva sem substância que envolve circuitos e regiões cerebrais tipicamente envolvidos nos comportamentos aditivos e dependências, decorrentes do uso continuado de substâncias psicoativas.
Há uma diferença entre gambling – envolve mecanismos de apostas, montantes financeiros, risco e pagamentos ao jogador; e gaming – implica uma atividade de jogo não a dinheiro em que o que se procura é a interação com outros jogadores, o sucesso e a progressão para níveis mais diferenciados do jogo, em função das competências individuais.
Em virtude de avanços tecnológicos rápidos, assiste-se a uma mudança progressiva da exclusividade do jogo, que estava circunscrito a contextos tradicionais como casinos ou bingos, passando agora para contextos que têm agora uma enorme acessibilidade, nomeadamente o jogo online.

O jogador deixa de dar importância a atividades que promovem o prazer, associado a experiências relacionais, familiares, associativas, ao trabalho, ao lazer etc. O jogo frequente e repetido tende a dominar a vida do jogador que desvaloriza os valores e compromissos sociais, ocupacionais, materiais e familiares.

Há uma desregulação das regiões pré-frontais do cérebro responsáveis pela capacidade de planeamento, tomada de decisão, memória de trabalho, inibição de respostas automáticas, flexibilidade cognitiva. Os jogadores tendem a tomar decisões pouco coerentes e adaptativas, mais centradas em ganhos imediatos e superficiais e sem antecipação das consequências futuras.

- Funcionamento psicológico: extroversão, impulsividade, busca de sensações novas, sintomas de hiperatividade com défice de atenção, stress e afeto negativo (ansiedade e depressão)
- Comportamentos aditivos: início precoce de práticas de jogo, uso de substâncias psicoativas, pares com comportamentos aditivos, pais com comportamentos aditivos (com e/ou sem substância)

